Bruno Nobre | Novo Diretor da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais - Braga

Terça-feira, Fevereiro 18, 2025 - 12:18
Publication
SIMatua
Bruno Nobre entrevista


Natural da Guarda, desde setembro do ano passado que o jesuíta Bruno Nobre lidera a Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais (FFCS) da Universidade Católica Portuguesa – Centro Regional de Braga, em estreita ligação à Companhia de Jesus, ordem religiosa católica fundada por Santo Inácio de Loyola, no século XVI.

Um homem formado em Engenharia Física Tecnológica e doutorado em Física de Partículas pelo Instituto Superior Técnico. Pulou depois para a Filosofia e Teologia com dois mestrados no Boston College (EUA). Neste trilho académico passou a ter um pós-doutoramento em Filosofia da Ciência na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Brasil). Integra ainda o Cluster de Religião e Ciência do projeto Higher Education for Social Transformation, das instituições jesuítas de ensino superior na Europa. Um andarilho cuja missão maior é valorizar a humanidade.

Quem é este homem que tenho à minha frente?

Tem à sua frente um homem jesuíta. Na minha identidade, talvez seja o traço mais importante porque é o mais profundo. Sou padre, membro da Companhia de Jesus, dedicado à Filosofia, embora a minha formação de base tenha sido em Física onde fiz, inclusive, um doutoramento. Mais tarde, estudei Filosofia e Teologia e acabei por ir parar à faculdade como professor e onde agora sou diretor. Estou na faculdade como jesuíta a desempenhar uma missão que me é confiada pela Companhia de Jesus. Sou da Guarda, um beirão. Vivi lá até aos 18 anos. A minha família é toda de uma pequena freguesia do concelho de Almeida. Isto marca, também, a forma como vejo o mundo e me relaciono com as pessoas.

O que é ser jesuíta?

Um jesuíta é membro de uma ordem religiosa da igreja católica, a chamada Companhia de Jesus. Foi fundada no século XVI por Santo Inácio de Loyola. É uma congregação religiosa que teve um impacto muito grande na história mundial e mais concretamente na história do nosso país. Os jesuítas são religiosos, o que significa que fazemos votos de pobreza, castidade e obediência. Vivemos em comunidade. Carateriza-nos uma disponibilidade para servir a Igreja e o mundo onde formos mais necessários. Este traço de disponibilidade é muito caraterístico de um jesuíta. Temos uma ligação histórica muito grande à educação dado que no contexto em que nasceu a Companhia havia uma grande necessidade de formação. O Papa, os Bispos, os Reis da altura pediram à Companhia que desse um contributo ao nível da educação. De facto, os jesuítas são responsáveis por um número elevado de colégios e universidades (cerca de 200). São, também, conhecidos pelas missões. Sempre deram muita importância à inculturação. Todo o trabalho de evangelização aconteceu muito a partir de um diálogo muito positivo com as culturas. Não estranha que haja jesuítas interessados nas culturas locais, nas ciências, nas artes…

Não obstante, esta narração imaculada da Companhia de Jesus choca com alguns episódios conturbados que marcam a sua história.

Verdade. Basta lembrar a expulsão dos jesuítas de Portugal, em 1759, no tempo do Marquês de Pombal e posterior extinção da Companhia pelo Papa, em 1773. Só seria restaurada em 1814 Em Portugal, vivemos atualmente 125 jesuítas e no mundo 14.000. Neste momento, a Companhia, que sempre foi muito internacional, cresce em África e na Ásia. É aí que está atualmente o seu “pulmão”. 

Sente-se, por instinto, que temos pela frente um padre jesuíta?

Digo que, de um modo geral, sente-se a diferença. No entanto, quero deixar isto claro: os jesuítas não são melhores nem piores que outros padres ou religiosos. Procuramos viver o nosso carisma. Numa homilia, pode sentir-se a diferença, admito. Temos uma abertura muito grande para dialogar com as diferentes culturas. Somos cosmopolitas, estivemos sempre associados às cidades. A nossa formação tem uma dimensão bastante internacional. Qualquer jesuíta, na sua formação, passa por dois ou três países. Diria que um jesuíta, à partida, deverá estar muito atento àquilo que acontece no mundo, sempre com um olhar positivo. Em geral, somos assim.

Quando identificou o apelo para ser jesuíta?

Em adolescente nunca pensei ser padre. Reconheço que desde muito cedo tinha uma sensibilidade religiosa grande. Gostava de rezar. Tinha gosto em ir à missa. Mesmo a dimensão mais ritual da celebração da fé me despertava interesse. Até muito tarde, nunca pensei em ser padre. Passei uma fase, por volta do liceu e da Universidade, que estive até afastado da Igreja. Estudava Física, próximo das ciências naturais, e tinha a ideia de que quem sabe ciência, não precisa da fé. Acabei por me afastar um pouco por influência de colegas e professores. Vivia, no Instituto Superior Técnico, no contexto de um ambiente bastante secularizado. Mais tarde, na fase do doutoramento, a dimensão da fé começou a ganhar cada vez mais importância. Comecei a pensar nas grandes questões da vida com mais profundidade. Agora que olho para trás, sinto que havia em mim um certo desejo de viver a vida com radicalidade: uma vida simples, sóbria, próxima das pessoas.

Nesse trajeto que narra, houve alguma “pedra de toque” que fosse decisiva para a vida que hoje tem?

Admito que o episódio mais marcante de todos, aconteceu antes de entrar na Companhia de Jesus (2005). Nessa altura, questionava-me sobre a possibilidade de avançar para o sacerdócio, mas eu próprio não sabia interpretar muito bem este desejo. Até fugia dele…

Sentiu um conflito interior?

Acho que sim. Até porque a minha vida estava orientada numa direção muito diferente. As expetativas, sobre mim, eram outras. Optar, com 25/26 anos, pela uma vida religiosa, exigia uma certa rutura com o projeto de vida que vinha desenhando coragem. Isto assustava-me. O momento determinante aconteceu através de uma pessoa amiga. Percebeu que eu estava a debater-me com esta questão e recomendou que fizesse exercícios espirituais de Santo Inácio. Arrisquei. Foram sete dias de uma experiência profunda de silêncio e oração, numa casa de retiros dos jesuítas, perto de Sintra. Foi importante poder falar do que vivia por dentro com o jesuíta que orientava os Exercícios. Ajudou-me a descomplicar e a chegar a um estado de liberdade interior. Houve um dado momento –recordo o local, a hora e o dia – onde senti uma espécie de rendição da minha parte. Esta rendição veio acompanhada de uma paz profunda, de consolação e alegria.

Passaram 20 anos da rendição. De lá para cá, viveu algum instante de dúvida?

É evidente que nunca estamos sempre em paz e em consolação. Contudo, posso dizer que a partir dessa decisão, nunca voltei a duvidar que esta era a minha vocação. Apesar das dificuldades com que me fui deparando, sinto-me completamente encontrado, estou no lugar certo.

Físico e padre. Um ser de ciências e de humanidades. Uma relação que não entra facilmente nos cânones da probabilidade. Esta frase que acabo de referir entende-a?

Entendo. Sei que para algumas pessoas é um pouco confuso. Pode até causar alguma perplexidade. Algumas pessoas ficam curiosas e perguntam como é que alguém que tem formação em Física tem fé, estuda Teologia e chega a ser padre. É natural essa perplexidade, até porque atualmente há a ideia de que ciência e fé estão em oposição, uma ideia que, a meu ver, não corresponde à realidade. A história demonstra isso mesmo. Há muitos cristãos que são cientistas e que deram um forte contributo para a ciência. Alguns deles, foram jesuítas. Eu não sinto este conflito.

A formação que tem em Ciências, ajuda-o a tomar decisões no campo humano?

Acredito que sim. A formação nas Ciências ajudou-me a pensar bem, a ser rigoroso e metódico. Reconheço que tenho um pensamento estruturado, organizado e com um certo pragmatismo. Gosto de falar com base em evidências e isto vem da Ciência. A minha forma de pensar é de algum modo científica. Em todo o caso, importa reconhecer que as Humanidades também são rigorosas, têm o seu rigor próprio. Mas é verdade que estudar Física ensinou-me a não ter medo de problemas difíceis. Mesmo em Filosofia, não tenho grande medo de ler um filósofo difícil.

Como sente atualmente a Faculdade de Filosofia de Braga?

Em primeiro lugar, reconheço que esta faculdade tem uma história muito luminosa. É a primeira instituição de ensino superior do Minho. É a primeira Faculdade da Universidade Católica Portuguesa. Deu um contributo notável para o desenvolvimento da Filosofia em Portugal. Recordo que nasceu num contexto onde a Filosofia estava de algum modo adormecida. Fala-se inclusivamente da “Escola de Braga”. Nesta escola ensinaram jesuítas notáveis, que deram um contributo importante para a filosofia em Portugal. Dito isto, estou consciente que chega até mim uma grande herança. A Faculdade é uma instituição respeitada. Formou milhares de diplomados, na área das humanidades, muitos deles professores nas escolas secundárias da região Norte, mas não só. Os jesuítas que aqui trabalharam deixaram uma marca forte e visível na cidade. Basta invocar a Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva e a Avenida Júlio Fragata. Por outro lado, estou convencido de que a Faculdade tem futuro. A primeira coisa que eu diria em relação ao que posso dar, é que eu acredito na faculdade. Tem muito para oferecer. 

O que pode esta Universidade, com cerca de 800 alunos, esperar de si?

Sou bastante comprometido e perseverante. Não desisto facilmente. Por natureza, sou persistente, não desisto dos objetivos que quero alcançar desde que acredite neles. Sim, há mais escrutínio. Não nego que muitos jovens estão afastados da Igreja, muitos mais do que há décadas. Há certamente mais trabalho a fazer, com especial incidência na formação de futuros padres e dos cristãos em geral. Sinceramente, acho que estamos numa situação muito diferente. Não creio que haja uma geração perdida. Continua a existir uma juventude católica com muita vitalidade. Agora há que reconhecer que a Igreja tem uma certa dificuldade em chegar aos jovens. Isto não é de agora. O decréscimo das vocações já vinha a acentuar-se e não podemos negar que estamos a viver em Portugal um processo de secularização.

Falou em objetivos. Fale-me deles e se olha para eles como uma missão.

Gostava que esta faculdade tivesse realmente a marca da Companhia de Jesus. Este é o objetivo número um. Conseguirmos este desiderato, seria particularmente pertinente no tempo em que vivemos. Isto é, o que pretendemos é promover uma formação verdadeiramente integral, com uma atenção muito cuidada a cada pessoa. Desejamos formar homens e mulheres que sejam capazes de serem bons profissionais, com a capacidade de ler a realidade em que vivemos. Que sejam pessoas comprometidas com a vida. Isto é o grande sonho. Formar homens e mulheres para os outros. Se cuidarmos bem da identidade da Universidade, não tenho dúvidas de que terá sucesso. Num segundo aspeto, a faculdade tem uma rede de relações com o meio que é extraordinária. A implementação na cidade na região Norte é histórica. Entretanto, o perfil da Universidade mudou – basta lembrar que há 30 anos só tinha praticamente cursos de Filosofia e nas Humanidades. Atualmente a Faculdade oferece cursos em várias áreas – Psicologia, Serviço Social, Ciências da Comunicação, Ciência de Dados, Turismo, além de Filosofia e Estudos Portugueses, o que lhe permite aprofundar a relação com o meio (tecido social, empresarial e com as IPSS - Instituições Particulares de Solidariedade Social).

Estão na calha outros cursos?

Podemos criar outro tipo de formação e investigação. Por exemplo, atualmente estamos a trabalhar na proposta de uma licenciatura na área de Gestão, que deverá abrir em breve. Estou seguro de nos permitirá interagir de uma outra maneira com o tecido empresarial do Minho, que é extraordinário. Neste momento, a Psicologia é uma das áreas mais fortes. É o curso com mais alunos, escolhido por muito alunos que poderiam entrar em Universidades Públicas. Acontece porque reconhecem que aqui há uma abordagem diferente, prática e com um acompanhamento personalizado. Queremos reforçar a nossa oferta formativa para noutras áreas. Atualmente temos uma licenciatura de grande qualidade em Ciência de Dados, uma área com de futuro e com muita procura.

Apesar da procura que a Faculdade está a fazer em atrair novos cursos, reconhece que a Filosofia, nesta instituição, é o carimbro da sua identidade?

Para mim, como diretor, a Filosofia é a grande prioridade. A nossa instituição não faz sentido sem a Filosofia. Digo isto porque tem sido uma área com pouca procura, embora, no presente se notem sinais de algum crescimento. Na licenciatura, temos cada vez mais alunos que vêm diretamente do Secundário. O Mestrado e o Doutoramento também são mais procurados. Tudo isto nos diz qie a área da Filosofia está a despertar mais interesse e a ganhar vitalidade. A Filosofia é matricial para esta casa. 

 A seu ver, que peso tem a Filosofia nos dias de hoje? 

A sociedade precisa da Filosofia. Vivemos num tempo fascinante, mas também confuso. Há muitas ideologias, opiniões variadas, algumas até desconcertantes. Saber Filosofia, aprender a pensar bem, com profunidade, ajuda a descortinar as raízes dos modos de vida contemporâneos, o que é particularmente importante. Mais do que gostar de Filofia, acredito que esta área do saber é fundamental para a sociedade. 

 O mundo está cada vez mais sob a mira do fogo. Vivemos um tempo de desigualdades gritantes. Há espaço para o silência neste tempo tão acelerado?

Estou plenamente de acordo consigo. Tenho falado com muitos jovens e sinto que eles reconhecem que estamos perante um mundo extremamente acelerado, vivemos dependentes das tecnologia, que funcionam como uma espécie de refúgio. Sinto que os jovens têm dificuldades ao nível das competências sociais. Tudo isto é um enorme desafio. Eu não sei se tenho propriamente uma solução, mas estou convicto de que a Universidade oferece um caminho. A Faculdade deve ter a capacidade de ajudas os alunos a saborear momentos de tempo lentos. A proposta da Universidade devia por natureza,k exigir que os alunos encontrem, nas suas vidas, ocasiões para cultivar este tempo lento...tempos de gratuidade. Isto não significa cortar completamente com a tecnologia. Mas é importante aprender a usá-la para seu proveito, sem se deixarem fazer reféns...

O que tem sido feito nesse sentido, isto é, resgatar e orientar os alunos para um caminho que repsonda com mais clareza às adversidades do dia a dia?

 Nós temos o grande privilégio de ter em frente à nossa Faculdade o Centro Académico de Braga, instituição histórica dos jesuítas de Braga, que tem uma oferta apelativa para os jovens. É um espaço onde os universitários podem encontrar-se, conversar, desenvolver a sua criatividade e, claro, explorar a dimensão espiritual e da fé. Acho que é bastante por aí. Isto não significa, como já disse, deixar de lado a tecnologia. Há vários projetos na Fcauldade que procuram responder a este desafio. Por exemplo, a Faculdade dispõe de um gainete chamado "Cuidar*te", que oferece uma série de propostas aos alunos, ao nível da saúde mental e do apoio à aprendizagem. Tudo isto é valioso, embora reconheça que é preciso fazer mais e que não tenho propriamente soluções imediatas. Trata-se de percorrer um caminho...

O diagnóstico está feito, sinto que há ferramentas como sinto que há ferramentas como sinto uam certa impotência em mudar a mentalidade da maioria...

Isto é mesmo difícil, mas quero dizer que eu não sou pessimista em relação aos universitários de hoje. Jovens são jovens. São alegres. Têm muitas qualidade uma cultura cada vez mais internacional. São inovadores, abertos à mudança. Porém, enfrentam dificuldades próprias deste tempo. Ser jovem atualmente não é fácl. Há tantas visões sobre o que significa ser humano, tanta incerteza...é fácil um jovem sentir-se perdido. Nós vemos isto entre os nossos alunos. Compete-nos criar as condições para que esta geração possa vingar explorar todo o potencial que possui. Estou convencido que a nossa faculdade pode oferecer tudo isto. 

Paramos num dossier delicado. Gostava de saber o que pensa dos episódios de pedofilia que assaltaram o interior da Igreja?

A questão dos abusos sexuais cometidos por membros da Igreja é um realidade que eu conheço bem, porque pertenci, ao longo de cinco anos, à Comissão de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis da Arquidiocese de Braga. Não tenho a menor dúvida de que os abusos sexuais cometidos por padres e religiosos precipitaram a Igreja Católica numa crise profunda. Isto porque é uma crise de confiança e de credibilidade. Quando se perde a confiança e a credibilidade é difícil recuperá-las. Há muitos fatores por detrás do fenómeno dos abusos sexuais, que aliás não é exclusivo da Igreja Católica. Basta estar atento às notícias, e podemos ver como este fenómeno está também presente nas famílias, no mundo artístico, no desporto e em contexto universitário, por exemplo. Há um leque de razões por detrás deste fenómeno. As causas são multifatoriais: a gestão do poder, a transparência, a formação dos padres e religiosos. Achoq ue a Igreja já percebeu isto e tem sido dados passos muito concretos para tornar as comunidades lugares seguros. Problema Igreja tem hoje uma compreensão muito mais profunda dos abusos sexuais e tem posto em prática medidas que terão um impacto profundo, no que diz respeito à transparência, ao acolhimento e acompanhamento das vítimas, mas também ao nível da formação de agentes pastorais. Estamos num lugar muito diferente daquele que estávamos, por exemplo, há 10 anos. 

Como olha o papel dos jovens na Igreja?

Não nego que muitos jovens esão afastados da Igreja, muitos mais do que há décadas. Há certamente mais trabalho a fazer, com especial incidência na formação de futuros padres e dos cristãos em geral. Não creio que haja uma geração perdida. Continua a existir uma juventude católica com muita vitalidade. Agora há que reconhecer que a Igreja tem uma certa dificuldade em chegar aos jovens. Isto não é de agora. O decréscimo das vocações já vinha a acentuar-se e não podemos negar que estamos a viver em Portugal um processo de secularização. A Igreja passou a ter uma presença menor na sociedade, o número de cristãos vai diminuindo, os jovensn em geral, estão menos comprometidos coma  Igreja e às vezes nem a conhecem. 

Equaciona o desmembramento dos valores da Igreja Católica?

Não crio que a Igreja vá desaparecer. Até acredito que pdemos estar a viver um processo importamte de renovação da própria Igreja. Pode ser um processo purificador. Em geral, no Ociedente, a Igreja tem alguma dificuldade na comunicação com os jovens. O mesmo acontece com os partidos políticos. Não irá desaparecer porque, de certa forma, tem uma resposta que é muito convincente às grandes questões do ser humano. Aquilo que é importamte é que a Igreja seja capaz de mostrar o rosto de Cristo. O que atrai os homens e mulheres de todos os tempos é o Evangelho. 

Como define o ser humano?

Como dizia Karl Rahner, o ser humano é uma pergunta, para a qual Deus é a resposta. Nós humanos, somos uma grande pergunta. Cristo continua a ser a resposta. 

Vive impotência ou raiva com a cólera que existe no mundo que nos rodeia? 

Não. Não creio que seja possível encontrar soluções imediatas e fáceis para os problemas que o mundo enfrenta. O que lhe posso dizer é que acredito no contributo de cidadãos que são conscientes, comprometidos. É o caso dos cristãos, que devem constituir uma comunidade comprometida com a edificação de um mundo diferente. Também confio que os jovens saberão fazer a diferença. Há muitos jovens que têm sde de espiritialidade, de autenticidade, de relações verdairamente humanas. O Evangelho pode brilhar de muitas maneiras. Tenho a convicção de que sempre que a luz do Evangelho se apaga, mergulhamos numa grande escuridão. Não é por acaso que Jesus fala muitas vezes da palavra luz: "sou a luz do mundo". 

Como olha para o Papa Francisco, também ele um jesuíta?

O papa Francisco tem sido um projeta. Sabe ler, com muita clareza, o tempo em que vivemos. Apesar de ter quase 90 anos, quando o escutamos, temos a impressão de que estamos a falar de um homem do nosso tempo. Deseja uma Igreja que seja fiel ao evangelho. O Papa Francisco é, sem dúvida, uma resposta de Deus para o nosso tempo. 

Um das bandeiras da cidade de Braga é a Universidade do Minho. A seu ver, que papel representa para o bracarense a Faculdade de Filosofia que, curiosamente, foi a primeira a surgir em pelo Estado Novo (1967)?

Posso dizer a relação entre a Universidade Católica e Universidade do Minho é de amizade. Relembro que o primeiro Reitor eleito da Universidade do Minho foi um jesuíta (Padre Lúcio Craveiro), que deixou na Universidade uma marca importante.

Está a cumprir o primeiro mandato. Pode chegar aos três (9 anos). Acredita que no final, feitas as contas, pode deixar uma herança com mais "luz"?

 É curiosos ter colocado a questão nesse termo, com a palavra luz. Porque...agora que penso... o tema da luz está no lema da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais - "Sob o esplendor da vossa luz". Nem tinha pensado nisto. A vocação da Faculdade é justamente refletir esta luz. Ser um pequenino farol na nossa cidade, na nossa região e no país. Um reflexo da luz da verdade e da esperança, prórpias de um humanismo genuinamente cristão. Na Universidade, trabalhamos com jovens e eles estão cheios de esperança. Precisamos de fazer brilhar com a luz da esperança. Sinto um grande privilégio, como Diretor, em porder contribuir para a formação de futuros homens e mulheres ao serviço do nosso mundo. Da minha parte, gostava de ser visto como alguém que reflete essa luz.