Intersubjetividade na gramática: a codificação linguística das relações interpessoais
A origem da Gramática de Construções está associada à percepção de que as línguas humanas incluem vastos “bolsões” de idiossincrasia e regularidade parcial. Em outras chave, a Linguística Cognitiva tem enfatizado, desde o seu surgimento, os aspectos não referenciais do significado – uma preocupação que acabou por conduzir a um interesse na noção de intersubjetividade, entendida como o gerenciamento mútuo de ações conjuntas. Combinando esses dois interesses, esta apresentação propõe um breve passeio por um conjunto de três construções idiomáticas de intersubjetividade do português brasileiro: a construção VER SE (“Vê se aparece!”), a construção de contraexpectativa com “bem” (“Ele bem saiu”) e a construção com “Bem que” (“Bem que ela avisou”). Em particular, discutiremos o que o estudo desses padrões pode ensinar em relação (i) à representação de funções intersubjetivas no conhecimento gramatical do falante, (ii) ao desenvolvimento diacrônico das construções intersubjetivas e (iii) a habilidades intersubjetivas em pessoas com TEA.
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Diogo Pinheiro é professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Sua pesquisa combina métodos experimentais e observacionais com o objetivo de investigar a expressão linguística da intersubjetividade à luz de uma abordagem construcionista do conhecimento linguístico. |