
A Biblioteca Municipal Sá de Miranda em Amares celebrou no sábado o Dia Mundial da Poesia com a apresentação do livro de poesia de Sílvia Mota Lopes. Intitulado “Orgânico” (Poética Edições, novembro de 2024), o livro foi apresentado por Cândido Oliveira Martins, professor da Universidade Católica Portuguesa (Braga).
Na apresentação geral da sessão, Anabela Costa, diretora da Biblioteca Municipal de Amares, começou por salientar a importância de se celebrar o Dia Mundial da Poesia. E logo depois apresentou os vários intervenientes da sessão cultural.
Aliás, o livro contém ilustrações (desenhos de Alícia Lino, Francisca Graziani e Francisca Camacho). E conta ainda com uma breve nota final de Luciana Braga, que destaca: “Numa linguagem plural, Sílvia Mota Lopes fala da mudez das coisas, da inquietude da alma, dos labirintos do coração e orienta, através dos finos atalhos, o caminho para a autognose.”
A autora do livro é natural de Braga, exercendo atividade como professora, com vocação artística, expressando-se criativamente através da pintura e da ilustração, além da escrita poética, tendo já publicado cinco livros, entre poesia e literatura infanto-juvenil. Antes deste mais recente livro, tinha publicado outro livro de poesia, “Ofício volátil da memória” (Poética Edições, 2023). Ao mesmo tempo, tem participado em variadas antologias poéticas e organizado exposições das suas criações pictóricas.
Na sua apresentação, Cândido Oliveira Martins começou por salientar o lugar da Poesia na formação humana, cultural e estética do ser humano. Depois centrou-se em considerações sobre as singularidades do livro “Orgânico” de Sílvia Mota Lopes: o sentido diálogo com outras mulheres escritoras (de Rosalía de Castro e Virgínia Woolf até Maria Ondina Braga), os traços manifestos de uma escrita feminina, a importância da dimensão afetiva, da memória e do tempo.
Num dos poemas emblemáticos desta escrita pode ler-se: “A inspiração pode acontecer / num quarto a sós com a literatura / quando as mãos dedilham páginas inteiras / fazem galgar as personagens / para a poesia. // Cansadas de narrativas / é nas imagens poéticas / nos versos / que se excitam // gemem de prazer.
Também interveio a autora do livro, reconhecendo a importância dos cruzamentos artísticos na sua atividade criadora, da poesia à ilustração e à pintura, como algo muito natural, em jeito de pulsão vocacional. Ao mesmo tempo, reconheceu a necessidade de homenagear outras mulheres escritoras que para si constituem modelos de vida e de criatividade. E reconheceu ainda que a poesia e a arte em geral podem ser formas privilegiadas de sensibilização para uma sociedade mais justa e igualitária, que não marginalize as mulheres.
Este evento cultural do Dia Mundial da Poesia contou também com a agradável prestação musical de Luís Capela (viola) e de Bárbara Passos (canto) que, em vários momentos da sessão, deliciaram os presentes com a interpretação de fados e canções escritos e cantados por mulheres em várias épocas. Os dois artistas pertencem ao conhecido quinteto “Ai Braguesa”, dedicado à promoção da música de raiz tradicional portuguesa. E deve a Luís Capela ter musicado poemas de Sá de Miranda, numa edição do Município de Amares.