Católica Braga assinala Dia Mundial da Língua Portuguesa com Sessão Comemorativa

Quinta-feira, Maio 8, 2025 - 16:29
Dia Mundial da Língua Portuguesa IMG

No dia 5 de maio de 2025, decorreu no Auditório Isidro Alves da Universidade Católica Portuguesa (UCP) - Braga uma sessão comemorativa do Dia Mundial da Língua Portuguesa, organizada pela licenciatura em Estudos Portugueses e com a assistência de autoridades académicas, docentes e alunos de diversos cursos.

Foram oradores Djaimilia Pereira de Almeida, escritora luso-angolana premiada e colaboradora de publicações como o jornal digital Observador e a revista literária brasileira multiplataforma Quatro Cinco Um; e Augusto Soares da Silva, Professor Catedrático de Linguística na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais (FFCS) da UCP - Braga, que coordena dois projetos de investigação que comparam o português europeu e o português brasileiro.

Na sua intervenção, intitulada “A minha língua”, Djaimilia Pereira de Almeida abordou, em tom poético, os aspetos mais íntimos e identitários decorrentes do uso da língua portuguesa por pessoas oriundas de países colonizados por Portugal. Para ela, a língua não tem raça nem fronteiras, vivendo e evoluindo sem se importar com imposições normativas. Sobre estas, destacou, entre outros exemplos, a sua discordância relativamente ao Acordo Ortográfico. A escritora sublinhou ainda que a língua não é uma entidade abstrata, mas está ligada às experiências, individuais e coletivas, e se assume como um instrumento de hospitalidade ao possibilitar conforto e “pequenas ilhas de gentileza” no quotidiano.

A intervenção de Augusto Soares da Silva procurou responder à questão que constituía o seu título: “O Português são dois, três, quantos?”. Nessa senda, começou por situar a língua portuguesa no ranking das mais faladas a nível mundial, como língua materna e como língua segunda, e destacou o enorme potencial de expansão futura, apontado pela ONU.

O docente da FFCS definiu o português como uma língua pluricêntrica, que apresenta na atualidade dois padrões claramente estabelecidos – o Português Europeu e o Português Brasileiro – e que, nos próximos anos, deverá contar com o Português Angolano e o Português Moçambicano. Nestes dois padrões verifica-se um fenómeno de nativização, cujos traços comuns com o Português Brasileiro recordam os movimentos de populações africanas para o Brasil. Outros “Portugueses” poderão surgir no futuro, sobretudo em São Tomé e Príncipe, mas eventualmente também noutros países da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP). Augusto Soares da Silva sublinhou a enorme influência do Português Brasileiro e as dificuldades de compreensão por parte dos seus falantes em relação ao Português Europeu. Nesse contexto, reconheceu que o Acordo Ortográfico se revelou um erro. Relativamente à influência da comunidade brasileira residente em Portugal, apesar de não haver ainda estudos concretos, considera que continuará a manifestar-se sobretudo ao nível da cultura, mas não tanto da língua, à semelhança do que a experiência das décadas anteriores parece apontar. O docente da FFCS apontou a necessidade de estandardização das diversas variantes do português faladas na CPLP, e referiu o exemplo do espanhol para assinalar a importância de desenvolver um padrão pan-lusófono, por forma a conseguir um maior impacto global a todos os níveis.

Depois das intervenções, realizou-se um debate muito enriquecedor sobre a problemática da língua portuguesa, nomeadamente a propósito dos desafios criados ao sistema educativo português pela presença de diversas comunidades da CPLP.