Paulo, o Jovem com Deficiência Intelectual que é ‘Mestre de Cerimónias’ no Palácio dos Biscainhos

Sexta-feira, Dezembro 20, 2024 - 09:39
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SIMatua

Aos 31 anos, Paulo Mourinha, com deficiência intelectual, é o guia que orienta as visitas de grupos no Palácio dos Biscainhos. O jovem foi capacitado pela CERCI Braga e revela, agora, as suas aptidões culturais, numa ‘viagem’ que desmistifica preconceitos e eleva o desígnio da inclusão social. 

“Sejam bem-vindos ao Palácio dos Biscainhos!”. É trajado de serviçal e com o elegante tom dourado e a exuberância do estilo barroco do século XVIII que Paulo Mourinha, 31 anos, assume o papel de anfitrião junto dos visitantes do Palácio dos Biscainhos. Tem deficiência intelectual e é um dos utentes da Cooperativa de Educação e Reabilitação de Cidadãos com Incapacidades (CERCI) de Braga. Mas, por estes dias, é nas asas de um sonho que se deixa levar. O sonho é tornar-se, simplesmente, um guia cultural da cidade de Braga. 

Paulo é todo gestos e cerimónia. Fala com grande fluência e narra pormenorizadamente a história que o palácio encerra dentro de portas. Conhece toda a genealogia do espaço museológico como a palma das suas mãos. Vibra quando fala e conduz os grupos de visitantes como um farol que guia os navios no imenso mar. A cada passo e à medida de cada explicação histórica que vai contando, vai detalhando pequenos pormenores curiosos que provocam o riso na plateia que o segue, sala após sala. Exibe, com certo esplendor teatral, o conhecimento secular que atravessam as paredes de um dos mais visitados e reconhecidos equipamentos culturais da cidade de Braga, que, neste momento, recebe apenas visitas a meio gás, uma vez que está em obras de reabilitação, que, em breve, tornarão o palácio mais acessível também a todos os públicos. 

“Neste átrio, que outrora foi o chão da cavalariça do palácio, costumam estar em exibição dois veículos de locomoção: a cadeirinha – que servia para transportar a senhora da casa, com a força dos braços de dois sargentos, e a liteira – que também servia de transporte, mas era movida a força animal, com o apoio de duas mulas, uma à frente e outra atrás”, explica Paulo, na receção ao grupo visitante. “Alguém tem dúvidas?”, vai perguntando, ao jeito do professor que dá uma aula a uma turma. Não. Poucos ficam com dúvidas porque as explicações detalhadas que o Paulo dá são declarações históricas memorizadas ao mais ínfimo pormenor. 

Já no piso superior, os visitantes voltam a ser inquiridos: “alguém sabe o que é isto?”. O guia cultural pergunta, apontando para um pequeno utensílio de ferro colado ao chão, atrás da primeira porta que encontramos. Ninguém sabe o que é e Paulo sorri, discretamente, porque, mais uma vez, irá elucidar os inquiridos com a sua mestre sabedoria: “este utensílio é um rapa-pés e servia para limpar o calçado antes de entrar no palácio; isto porque as ruas, na época, ainda não eram pavimentadas e havia muita terra e lama”, indicou, mostrando-se visivelmente contente por estar a transmitir conhecimentos históricos sobre a própria cidade. “Claro que quem limpava o calçado eram as pessoas mais ricas e poderosas, pois os pobres andavam descalços”, afirmou em tom de seriedade, agitando os dois grupos de visitantes, funcionários da empresa F3M e alunos e professores da Universidade Católica Portuguesa – Centro Regional de Braga, que a Revista SIM acompanhou ao longo desta reportagem.

É no majestoso salão nobre do Palácio dos Biscainhos que o guia Paulo brilha ainda mais, atraindo a atenção dos visitantes para as cenas ilustradas em toda a azulejaria que reveste as paredes. “Aqui, nestes azulejos estão representadas as principais atividades de entretenimento a que se dedicavam os nobres como, por exemplo, a caça”. 

Dirigindo-se a um grande espelho colocado no centro do salão nobre, Paulo convida os visitantes a juntarem-se a ele. Todos olham para as suas figuras refletidas no espelho, mas o guia chama a sua atenção, pois o objetivo não é esse… “Preciso que olhem para o que o espelho reflete… É uma pintura que está no centro do teto, onde está ilustrado o martírio de um jesuíta bracarense, há 400 anos, chamado beato Miguel de Carvalho, ocorrido a 25 de Agosto no Japão”. A pintura tem 300 anos e é da autoria de Manuel Furtado Mendonça, incluindo-se no contexto de pintura de tetos em Portugal – uma prática artística cultivada durante a primeira metade do século XVIII. 

Retomando a palavra, o guia cultural do Palácio dos Biscainhos orienta o olhar dos visitantes para as talhas douradas dispostas em cada canto do salão nobre. “Conseguem descobrir que figuras são estas que aqui estão representadas?”. De novo, silêncio. E, de novo, o rosto de Paulo volta a iluminar-se como quem está prestes a fazer uma grande revelação mundial: “estas figuras representam os índios sul-americanos”. 

Visita guiada com direito a palestra sobe a fauna e flora dos majestosos jardins

Depois de percorrido o olhar pelo átrio interior do Palácio dos Biscainhos, a partir das varandas do piso superior, os visitantes são conduzidos pelo guia para uma das salas do andar inferior, onde Paulo protagonizou uma breve palestra sobre o jardim e a sua diversidade em termos de fauna e flora.

“A árvore mais alta é a Tulipeira da Virgínia – é uma árvore americana”, disse, apontando para uma mesa, onde se exibiam as plantas e os animais que por ali vivem. “A Ginko-Biloba é uma árvore que também temos aqui no Jardim dos Biscainhos e que, curiosamente, foi a primeira a florescer depois dos acidentes nucleares em Nagasaki e Hiroshima. Os entendidos dizem que o chá da Ginko-Biloba é excelente para a memória do ser humano”. “Existe aqui também uma Magnólia Gran Flora, que tem sempre a folha verde”.

Paulo enceta, logo de seguida, uma explanação sobre as inúmeras variedades de plantas aromáticas, apontando para o loureiro, o manjericão, o alecrim, a alfazema, a erva-cidreira e tantas outras que aromatizam a cada estação os Jardins dos Biscainhos. E, mais uma vez, Paulo usa da retórica eloquente que possui: “Alguém tem dúvidas?”. 

A diretora do Palácio dos Biscainhos, Maria José Sousa, que acompanhou também a visita do grupo empresarial F3M, fez questão de convidar de novo os visitantes a uma nova visita, já que, dadas as obras de reabilitação que estão, neste momento, a decorrer, há vários espaços que integram a visita regular que não são passíveis de ser visitados como a cozinha de serviço ou a cavalariça – que é sempre um forte motivo de curiosidade.

“Estamos a criar melhores condições e acessibilidades para as visitas”

A tutela do espaço museológico, agora entregue ao organismo Museus e Monumentos de Portugal, aponta a reabertura oficial do Palácio dos Biscainhos ao público em 2025, mas a diretora do espaço, Maria José Sousa, destaca a “urgência”, uma vez que existe uma grande procura turística. Refira-se que só no ano passado foram cerca de 54 mil os visitantes que passaram pelo espaço cultural bracarense. 

A responsável assinala as obras de intervenção incluem a melhoria das acessibilidades para todos os públicos, sendo que o palácio ficará dotado de uma plataforma elevatória. “O objetivo é que disponibilizemos uma visita mais atualizada e mais acessível a todos os que nos visitarem”, referiu.

“Estamos também a criar melhores condições e acessibilidades para as visitas aos jardins com circuitos e a integração de rampas para melhorar a acessibilidade às várias zonas no sentido de possibilitar a máxima fruição de toda a oferta do Palácio dos Biscainhos e respetivos jardins”. 

Recorde-se que em 2021, a RTP gravou grande parte da série ‘Vento Norte’ no próprio cenário do Palácio dos Biscainhos, tendo também passado por espaços como a Sé de Braga e outros locais da região minhota, como Amares e Arcos de Valdevez. A ideia original partiu de João Lacerda Matos, Almeno Gonçalves e João Cayatte para representar o drama épico que conta a história dos Mello, uma família aristocrata do Minho, que viveu no Museu dos Biscainhos no início do século XX. Para além do quotidiano daquela época, a série revela, também, aspetos históricos do período que Portugal viveu com a Primeira República até à Revolução de 28 de maio de 1926.

Maria José Sousa sublinhou, ainda, a importância de projetos como o ‘Empurrão Cultural’, que possibilitou que um dos utentes da CERCI Braga pudesse realizar esta experiência de se tornar um guia turístico. Uma formação em contexto de trabalho que abriu um novo mundo a Paulo Mourinha, que quer, efetivamente, tornar-se um guia cultural profissional na cidade de Braga. 

O sonho do Paulo é ser guia cultural na cidade de Braga, mas é necessário um empurrãozinho empresarial para que o sonho se torne verdadeiramente real. Através de formação especializada, foi junto da CERCI Braga, juntamente com mais uma dúzia de colegas com deficiências intelectuais, que Paulo foi devidamente capacitado como guia cultural, tendo adquirido as competências necessárias para levar a bom porto este desígnio, que pode, de fato, servir de porta de entrada no mercado laboral, demonstrando que, apesar da deficiência intelectual, é um cidadão tão capaz como outro qualquer de desempenhar funções profissionais “excelentemente” – assim elogiaram os visitantes. 

É no Palácio dos Biscainhos, servindo de guia a diversos grupos, que Paulo tem conseguido cumprir o seu sonho, embora ainda, apenas, em formato de experiência em contexto de trabalho. Mas o objetivo é continuar a lutar pelo seu sonho e ser pago pelo serviço que presta. Foi precismente para ajudar a cumprir sonhos como o de Paulo Mourinha que foi pensado o projeto ‘Empurrão Cultural’. 

“A concretização do sonho do Paulo e de outros jovens como o Paulo depende de todos nós, mas, de facto, cada visitante cumpre este desígnio porque aproxima o sonho do Paulo à realidade”, assinala Fátima Pereira, diretora executiva da Fundação Bracara Augusta (FBA). 

Trata-se de um projeto que faz comungar a inclusão entre instituições e empresas. O projeto ‘Empurrão Cultural’ já foi, inclusive, alvo de destaque a nível internacional e tido como “um exemplo” a seguir. A FBA, a Universidade Católica Portuguesa – Centro Regional de Braga, a Cooperativa de Educação e Reabilitação de Cidadãos com Incapacidades - CERCI Braga, uniram os seus esforços para tecer este projeto que tem como propósito maior a capacitação de utentes com deficiência intelectual e jovens migrantes a fim de promover a sua integração social e laboral no mercado de trabalho.

“A questão do trabalho com os museus, quer com o Palácio dos Biscainhos, quer com outros museus da cidade, tem vindo a ser aprofundada por via da área da intervenção artística e da utilização da expressão artística como uma estratégia de intervenção junto dos nossos utentes da CERCI Braga”, explicou Vera Vaz, presidente do Conselho de Administração da CERCI Braga. “Os próprios museus foram-se apercebendo das dificuldades e do desconhecimento que sentiam em como receber grupos com dificuldades cognitivas ou outras dificuldades mais específicas e foram também solicitando algum apoio com vista a simplificar a linguagem e os próprios conteúdos abordados nas visitas de forma a serem mais bem compreendidos por públicos diferenciados como é o caso das pessoas com deficiência intelectual”.

O ‘Empurrão Cultural’ assenta numa estratégia de promoção da acessibilidade no seu todo. “Não se trata da questão da acessibilidade física, mas, sim, da questão da acessibilidade cognitiva”, sublinha Vera Vaz. “O nosso grupo de trabalho em Braga está extremamente motivado com este projeto porque irá abarcar vários espaços culturais da cidade e a ideia é que o projeto venha a ter uma abrangência o mais global possível e que possa ser cada vez mais disseminado e reproduzido enquanto modelo de formação e integração de públicos diferenciados, que requerem uma atenção especial durante as visitas aos espaços museológicos ou patrimoniais”. 

“O nosso objetivo é, efetivamente, promover um dos nossos maiores princípios que é inclusão social das pessoas com deficiência, mas tendo em conta que se trata de pessoas que foram devidamente capacitadas para executar estas funções por via de formação específica, como é o caso no nosso guia Paulo, que está, neste momento, a receber estes grupos de visitantes no Palácio dos Biscainhos”, frisou a responsável da CERCI Braga, acrescentando que, entre os jovens que foram capacitados para trabalhar na área da Cultura, se encontram também jovens de grupos vulneráveis como, por exemplo, migrantes. “O nosso objetivo é que estes jovens venham a ser, efetivamente, integrados no mercado de trabalho”. Ao todo, a CERCI Braga já capacitou 12 jovens que estão prontos para mostrar o que valem no âmbito cultural. 

“Gostávamos agora que este projeto ganhasse velocidade-cruzeiro e que as empresas e outras instituições e entidades possam apoiar verdadeiramente a causa da inclusão”. 

A falta de tempo, a falta de conhecimentos como os horários de funcionamento dos espaços, da programação e das estruturas culturais, bem como a falta de dinheiro e a falta de companhia são as principais razões elencadas pela população num inquérito realizado no âmbito deste projeto, enumerou Fátima Pereira, diretora executiva da Fundação Bracara Augusta. 

“Braga será a Cidade Portuguesa da Cultura em 2025 e é crucial que todos se mobilizem a conhecer o património e os espaços culturais bracarenses”, assinalou Fátima Pereira, apontando para que os visitantes presentes na viagem pelo Palácio dos Biscainhos “contaminem, também, outras empresas e instituições à descoberta da nossa oferta cultural e, assim, apoiem também a cidade de Braga a superar as expectativas em torno da ‘Cidade da Cultura’”.

Fátima Pereira, diretora executiva da Fundação Bracara Augusta, esclarece que o ‘Empurrão Cultural’ é uma iniciativa que tem tentado “promover também a aproximação do património e da cultura de Braga, bem como a divulgação dos equipamentos culturais bracarenses junto de públicos que fazem parte da nossa comunidade, mas que, por alguma razão, nunca visitaram o nosso património que conta dois mil anos de história”.

Foi a partir deste trabalho de campo a nível local e percebendo as razões do afastamento dos cidadãos dos espaços culturais que os envolvem que as três entidades supramencionadas uniram os seus esforços, em conjunto com parceiros internacionais, avançando com um projeto de intervenção que proporcionasse, por um lado, a capacitação de mais jovens com deficiência intelectual, trabalhando simultaneamente a formação de novos públicos, levando mais pessoas aos espaços culturais integradas em grupos considerados mais vulneráveis.

Depois de assinaladas todas estas necessidades reais surge o ‘Empurrão Cultural’ – um projeto piloto bracarense que alavanca um projeto de maior abrangência e que tem também entre os seus grandes objetivos convidar as empresas a levar os seus colaboradores em visitas programadas aos museus e património local, no sentido de que, consequentemente, os seus colaboradores, por seu turno, levem depois os seus familiares. 

“A Fundação Bracara Augusta está comprometida também com a questão da acessibilidade à Cultura e com a questão da democratização da Cultura, mas também está igualmente comprometida com a questão da educação patrimonial”, garante. “O projeto que denominámos de ‘Empurrão Cultural’ faz esta triangulação entre aquilo que são os nossos grandes propósitos de atuação, levando os conteúdos culturais e patrimoniais para um outro nível de proximidade com os públicos que, por várias razões, se encontram mais afastados e o que, realmente, nos interessa é trazer cada vez mais públicos para os espaços museológicos”. 

“O nosso objetivo é termos uma maior participação cultural, respondendo aos motivos que têm afastado as pessoas dos espaços museológicos como a falta de tempo e desafiamos as empresas a aderir a este projeto numa lógica não só de responsabilidade social mas, também, de capacitação da própria empresa de capacitação dos seus trabalhadores para esta área cultural, mobilizando os seus trabalhadores, em horário de trabalho, para a realização de uma visita cultural, assumindo os custo, dos bilhetes”, sustentou. 

Empresa F3M e alunos da Católica aplaudem a “excelência” da visita guiada 

Foi para dar resposta a este repto que a empresa bracarense F3M se mobilizou para uma visita em grupo ao Palácio dos Biscainhos. Visivelmente feliz com o resultado da visita efetuada, Pedro Fraga, administrador da F3M Information Systems, S.A, fez questão de se assumir “um fã” dos Biscainhos e que não há visita que tenha em casa que não a leve ao palácio. Destacando a mais-valia que o projeto ‘Empurrão Cultural’ inclui na sua essência e objetivos, o empresário garantiu o envolvimento no projeto “até porque esta filosofia faz parte, também, do nosso ADN enquanto uma das dez melhores empresas para trabalhar em Portugal”. 

Para Pedro Fraga, o Palácio dos Biscainhos é local de “visita obrigatória” na cidade e garantiu divulgar e promover o projeto junto do Grupo de Embaixadores Empresariais de Braga com vista a “passar a palavra”. “Voltaremos e esperamos ver, de novo, o Paulo e os seus colegas a trabalhar nesta área, pois ficámos muito agradados com tudo o que a sua visita guiada nos proporcionou e tenho a certeza de que continuará a realizar um excelente trabalho neste âmbito”.

“Este é um tema da maior importância porque Portugal já leva 50 anos de abril. É muito bonito dizer-se, teoricamente, que a Cultura é um bem democratizado, mas falta ainda tornarmos a Cultura, de facto, acessível a todos. É nesse sentido que, para nós, Universidade Católica, a Cultura é um elemento essencial para a formação de qualquer cidadão. A Cultura não é um adereço, não é algo supérfluo, pois integra a identidade de qualquer pessoa, independentemente das condições económicas, sociais, cognitivas. E se pudermos dar algum contributo, participando neste e noutros projetos que possam seguir dentro deste espírito, considero que estamos a dar esse contributo para construir uma sociedade mais humana e mais inclusiva”, realçou Cândido Oliveira Martins, professor da Universidade Católica Portuguesa (UCP) – Centro Regional de Braga.

“É um gosto enorme e é uma motivação muito grande fazermos parte deste projeto. Por outro lado, na área da gestão cultural, entendemos como essencial as instituições capacitarem os seus utentes para a área da Cultura, podendo, como é o caso do guia Paulo aqui nos Biscainhos, desenvolver também determinado tipo de trabalhos em termos de inserção social”, reforçou Carla Pinto Cardoso, docente de Turismo da UCP. “Esta é uma forma excelente de podermos dar o nosso contributo e, sobretudo, de mostrarmos aos nossos estudantes o que de bom se está a fazer na cidade de Braga nesta vertente. Para os alunos de Turismo, esta visita demonstra ser um excelente exemplo de uma boa prática a levar a cabo pelos futuros profissionais da área turística e cultural”.