FFCS de Braga homenageou quatro mestres jesuítas fundadores da Universidade Católica

Quinta-feira, Maio 25, 2023 - 17:16
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Diario do Minho

A Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais (FFCS) da Universidade Católica Portuguesa (UCP) - Centro Regional de Braga, homenageou ontem quatro sacerdotes jesuítas, mestres do saber científico, que participaram na fundação da Universidade Católica Portuguesa. São eles os padres Júlio Fragata, Lúcio Craveiro da Silva, António Freire e João Mendes, alguns dos quais já homenageados em ruas ou estruturas culturais na cidade de Braga.

A homenagem decorreu na Aula Magna da FFCS de Braga que, desde ontem, passou a chamar-se Aula Magna António Freire.

Na mesa estiveram o Padre José Lopes, Diretor da FFCS; João Duque, Pró-Reitor e Presidente do Centro Regional de Braga da UCP; e os quatro nomes escolhidos para evocar os quatro docentes centenários. Foram eles Acílio Estanqueiro Rocha, que falou do padre António Freire; Teresa Fragata, que falou do «tio sábio», Júlio Fragata, que também passou a dar nome à Biblioteca da FFCS; Manuel Gama, que evocou Lúcio Craveiro da Silva, patrono da Biblioteca de Braga, antigo reitor da Universidade do Minho, que ajudou a fundar e da qual foi reitor; e o padre Mário Garcia, que invocou a memória e os feitos do padre João Mendes. 

O diretor da FFCS abriu a sessão com uma intervenção, onde invocou os quatro docentes centenários, mas sobretudo a missão dos jesuítas em Portugal e no mundo, comprometido com o trabalho intelectual, que faz parte da identidade reli- giosa da Companhia de Jesus. Para os jesuítas e as instituições animadas pela companhia de Jesus, não basta alcançar a profundidade intelectual. O verdadeiro desafio é que seja apostolado, isto é, um modo de anunciar mais efetivamente o Evangelho, de aprender a captar a presença de Deus no mundo, e a ação do seu espírito na história, para se integrar nela e contribuir para a libertação humana», disse José Lopes.

De facto, além do espírito de missão, o que distinguiu estes quatro docentes centenários, «mestres do saber», humanistas preocupados com a educação integral do homem foi a ação. E foi pela ação que criaram, com o contributo de outros colegas, a Faculdade de Filosofia e, posteriormente, a Universidade Católica de Braga, em 1967; e que posteriormente se estendia a todo o país, incluindo Lisboa.
O padre Mário Garcia fez questão de sublinhar este aspeto, para que não restem dúvidas. «Esta faculdade é a pedra sobre a qual foi fundada a Universidade Católica Portuguesa. Esta faculdade está na origem da Católica. Estes quatro docentes jesuítas são fundadores da Universidade Católica Portuguesa», reforçou.
Mário Garcia lembrou as qualidades humanas, literárias, artísticas e, sobretudo, religiosas do padre João Mendes, que faleceu como gostaria.

Sobre o padre Júlio Fragata, falou a embevecida sobrinha, que tratava o tio como o «sábio» e bondoso, «que falava com o coração» e nunca esqueceu os pais e familiares.

Do padre Lúcio Craveiro da Silva, provavelmente o mais conhecido dos bracarenses, por causa da biblioteca e por ter sido reitor e da UMinho e primeiro reitor eleito do país, falou o professor Manuel Gama. Além das qualidades intelectuais e humanas, destacou o amigo e «homem de ação». Aliás, enumerou uma série de instituições que criou ou ajudou a criar ou ainda que dirigiu, com destaque para o facto de ter sido Provincial dos Jesuítas. «O seu pensamento adquiriu uma rara profundidade e uma excecional abertura de horizontes, tanto em conteúdo como na capacidade de análise de problemas, situações e correntes. O seu pensamento constitui assim, um verdadeiro patrimó- nio cultural...», disse, lem-brando a quantidade de li-vros escritos. Ou seja, uma vasta herança cultural.

A evocação do padre António Freire foi feita pelo professor Acílio Estanqueiro, que não poupou nos elogios. Classificou-o como «um vulto de renome na internacional» na filologia e no en- sino das línguas. Ele que chegou a ter um progra- ma na RTP 2 chamado “Portuguesmente falado”. Deixou uma «torrente» de publicações».

João Duque desafiou os jesuítas de hoje e de amanhã a continuarem um «imprescindível» trabalho dos docentes centenários ontem homenageados.

Depois da homenagem, seguiu-se o descerramento das placas que dão nome à Aula Magna António Freire e à Biblioteca Júlio Fragata.

Depois de um verde de honra, a comitiva seguiu para a capela da Universidade, para a missa de encerramento do Ano Académico, celebrada pelo Arcebispo de Braga. Na cerimónia, D. José Cordeiro agradeceu à Universidade Católica, desafiando-a a estar no mundo «com verdade» e discernimento, estando no mundo sem ceder à «mundanidade».

Quanto ao presidente da UCP de Braga também agradeceu aos docentes e colaboradores, desejando «um feliz final de ano».

Homenagem_DM:25-05-2023