"Capacidade de resiliência é a lição primeira da pandemia", diz Reitora da UCP no lançamento de livro sobre a experiência da Covid-19

Quarta-feira, Maio 10, 2023 - 09:41

“A primeira lição de tudo o que vivemos é a previsibilidade do imprevisto. Depois, também é certo que, como sociedade, tivemos a capacidade de resistir. Todavia, nenhuma vida é dispensável e as fatalidades da pandemia são o nosso derradeiro falhanço.” As palavras são da Reitora da Universidade Católica Portuguesa, Isabel Capeloa Gil, na apresentação do livro “Lições da Pandemia – Aprender com uma experiência limite”, que teve lugar dia 4 de maio, na sede da UCP.

“A lição primeira da pandemia é, portanto, a capacidade de resiliência”, referiu a Reitora no lançamento da obra, promovida pelo Centro de Estudos de Povos e Culturas de Expressão Portuguesa (CEPCEP), e coordenada pelos docentes Américo Pereira e Fernando Ilharco.

“Sobre a pandemia, disse-se e escreveu-se muito, mas não tudo. Até porque as pandemias são dinâmicas e extravasam muito a virulência fisiológica, sendo modeladas por prioridades políticas, valores culturais e religiosos, e produzem efeitos sociais e económicos, acrescentou Isabel Capeloa Gil.

O livro, que reúne 40 autores, de áreas tão diversas como a Ciência, Medicina, História, Política, Economia e Solidariedade Social, surge assim como uma reflexão sobre os ensinamentos trazidos pela pandemia provocada pela SARS-COV-2.

Aos diferentes protagonistas desta pandemia, foi pedido que contassem a sua experiência, refletissem sobre o passado e apresentassem um futuro mais preparado. Daí que a obra esteja organizada em três secções: “Aprender com o Passado”; “Agir no Presente – lições do combate à Covid 19”; e por último “Preparar o Futuro – lições prospetivas para um cuidado humano global”.

Um dos autores do livro é o Chefe de Estado Maior da Armada, Almirante Gouveia e Melo, que dirigiu o processo de vacinação contra a Covid-19. No lançamento da obra, referiu que a pandemia “foi uma surpresa” inicialmente desvalorizada, mas “não foi só em Portugal”.  O militar salientou ainda que “este vírus tinha tudo para ser definido como um inimigo, porque não sendo um ser inteligente, era oportunista na forma como se infiltrou na sociedade.”

Considerando-se uma “otimista insatisfeita”, Ema Paulino, presidente da Associação Nacional de Farmácias, outra das autoras da obra, referiu que “olhando para trás, verifica-se que foi possível acelerar uma série de processos”, que acredita “não venham a ser esquecidos ou desaparecer”, tendo em conta que um dos aspetos centrais do combate à pandemia foi perceber que “temos de investir mais na literacia da população.”

Lembrando que “chegámos a 2020 completamente desprevenidos e que daqui a uns anos vai ser tudo igual”, Germano de Sousa, administrador e fundador do Grupo Germano de Sousa, garantiu que “esta tranquilidade não está para durar e que por isso devíamos prevenir para depois não ter de remediar.”

Também presente no lançamento da obra, esteve o embaixador António Monteiro, presidente da Fundação Millennium BCP, que justificou o patrocínio da obra, com a “importância de ter um livro que nos vai fazer refletir sobre a pandemia, porque temos a tendência de, passado um tempo, esquecer as crises”, acrescentando que “há apoios que valem a pena e este é um deles.”