Docente de literatura Grega da católica de Braga distinguida na Madeira

Quinta-feira, Outubro 17, 2024 - 10:51
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Ana Paula Pinto vence prémio literário João augusto D'Ornelas com conto 'Ilhas'

É no silêncio da Biblioteca Padre Júlia Fragata SJ, na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Católica Portuguesa- Centro Regional de Braga, que Ana Paula Pinto, docente de Línguas Clássicas e doutorada em Literatura Grega, se entrega aos livros e à gestão das coleções bibliográficas. Mas, entre a arte de lecionar e as funções de professora bibliotecária, existe o espaço de criação literária- uma arte cujo mérito acaba de lhe ser reconhecido com o conto 'Ilhas', vencedor do prémio D'Ornelas, que verte a sua atenção para a problemática da degeneração do ser humano e da doença mental, será em breve editado, publicado e divulgado ao público geral. 

"Não se trata propriamente de um conto enquanto narrativa tradicional de ação, mas de um conjunto de textos de cariz autobiográfica que coloca como protagonista central da história o meu pai", refere a docente e autora de 'Ilhas'. Foi este conjunto de textos, que gravitam à volta da questão da doença degenerativa do próprio pai, recorrendo, persistentemente a episódios da infância e das memórias que conserva, que Ana Paula Pinto o submeteu a concurso literário, "sem grandes expectativas", mas respondendo a um impulso interior que lhe sussurrou ao ouvido para ter coragem de expor a sua escrita à crítica de um júri especialista. 

"'Ilhas' é, no fundo, um conjunto de memórias que guardo da fase final da vida do meu pai, que sofreu de uma demência sem nome, do espectro do Alzheimer", releva a autora galardoada. 

"Infelizmente, o meu pai teve um final de vida que constrasta com toda a sua história de construtor naval... e foi, de facto, uma fase muito difícil de acompanhar e vivenviar por toda a família, mas, apesar de tudo, teve, pelo menos, os cuidados dos familiares mais próximos". A situação do pai torno-a mais alerta e sensível para todos aqueles que não podendo usufruir desse conforto do ninho, só têm a institucionalização como resposta. " Por excelente que a resposta social seja, é muito diferente, sobretudo para um idoso, estar institucionalizado ou ter a possibilidade de estar no espaço da sua casa e ao cuidado diário da família", sublinha.