O projeto-piloto “Empurrão Cultural” defende que a inclusão pela cultura precisa do apoio de escolas, entidades e empresas.
A Fundação Bracara Augusta e a CERCI Braga estão apostadas em demonstrar que “Na Cultura todos Contam!” e que só através de parcerias e de trabalho em rede será possível promover a participação e a inclusão social dos grupos mais desfavorecidos a nível social e/ou intelectual. Contando com a parceria da entidade Museus e Monumentos de Portugal, através do Museu dos Biscainhos e do Museu D. Diogo de Sousa, e com o apoio do Município de Braga, o projeto propõe desencadear um verdadeiro “Empurrão Cultural”, num movimento para a mudança que agregará outras entidades sociais e culturais, bem como o tecido empresarial da cidade.
O protocolo foi firmado hoje no Museu dos Biscainhos, dando conta de todos os pormenores de um projecto-piloto surgido no âmbito do internacional ISA Culture, liderado pela Fundação Bracara Augusta e financiado pelo programa Erasmus +.
As empresas são desafiadas a associar-se a este projeto que, além da democratização cultural, encara o acesso à cultura também como forma de demonstrar as mais-valias destes grupos desfavorecidos, promovendo a sua inclusão social.
O presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, afirmou que «o Município de Braga sente-se particularmente identificado com os objetivos que envolvem este projeto cultural, promovendo a acessibilidade à cultura, ao património e aos espaços museológicos, primeiro numa lógica abrangente, para o conjunto da população, e também para determinadas franjas da população».
«Conciliar a acessibilidade à cultura com a inclusão é uma estratégia muito virtuosa que este “Empurrão Cultural” tem», afirmou Ricardo Rio, salientando a necessidade de envolver os equipamentos culturais e o tecido empresarial, desafiando-o a ser indutor de comportamentos e práticas».
Referindo-se às conclusões do estudo desenvolvido pelo Centro Regional de Braga da Universidade Católica Portuguesa (UCP) acerca do acesso à cultura, o edil bracarense defendeu que «quanto menores forem os dados de não disponibilidade para o acesso a equipamentos e atividades culturais, mais desenvolvido é o nosso concelho, mais realizadas são as nossas pessoas e mais qualidade de vida tem».
«Entendemos que a cultura é, de facto, um motor de crescimento do nosso território e se não estamos ainda no nível que desejamos, demos então este “Empurrão Cultural” todos juntos para que Braga seja cada vez mais uma referência nesta área», concluiu.
Cláudia Leite, do Conselho de Administração da Museus e Monumentos de Portugal, salientou que «só com projetos de cooperação e trabalho conjunto é possível promover um maior acesso à cultura e uma fruição mais próxima do património cultural».
Na mesma linha, o presidente do Conselho de Administração da Fundação Bracara Augusta, referiu que este projecto pretende «uma mobilização colectiva em torno da Cultura, e isso implica um “empurrão” por parte das empresas, das instituições e das escolas, no reforço e na aproximação a dinâmicas culturais».
A diretora executiva da Fundação Bracara Augusta, Fátima Pereira, adiantou que o projeto arranca precisamente hoje à tarde, no Museu dos Biscainhos, com uma visita guiada orientada pelo Paulo, um jovem utente da CERCI, à empresa Triformis, estando prevista no futuro uma segunda visita orientada pela Rita, aluna da Escola Profissional Profitecla. Preparada está já também uma lista de jovens que vão participar no projeto e de empresas disponíveis para mobilizarem os seus trabalhadores e formarem grupos para visitas previamente agendadas.
A este propósito, a presidente da CERCI Braga, Vera Vaz, explicou que os utentes tinham sempre dificuldades no acesso à cultura e aos museus muito porque os guias não se sentiam preparados para com eles comunicar da melhor forma.
O desafio que a CERCI lançou à Fundação Bracara Augusta foi precisamente no sentido de criar um projeto mais acessível a estes públicos, transformando a cultura em veículo de inclusão, com a dupla vertente destes jovens poderem receber conhecimento e participar enquanto trabalhadores.
O projeto foi desenvolvido com base em dados científicos, tendo sido desenvolvido, em finais de 2023, um inquérito à população relativo à Participação Cultural em Braga, com o suporte cientifico da UCP, cujos resultados apontam como principais barreiras ao acesso à cultura a falta de tempo livre, os custos associados, e a falta de informação sobre a programação.
O estudo revela que há um interesse considerável dos residentes de Braga pela cultura, mas também barreiras significativas relacionadas com a acessibilidade financeira e informativa.