Jornadas da Filosofia da Religião mostram necessidade do homem em pensar Deus

Domingo, Setembro 26, 2021 - 01:00
Publication
Diário do Minho

Decorreram ontem, no Auditório Isidro Alves, no pólo de Braga da Universidade Católica Portuguesa, as III Jornadas da Filosofia da Religião.

Entre as várias ideias que ficaram do debate entre os conferencistas, filósofos e participantes, sublinhou-se o facto de pensar Deus, é muito mais do que uma questão religiosa, uma necessidade do homem e da sociedade como um todo.

Este ano com o tem "A viragem teológica da fenomenologia francesa, as Jornadas da Filosofia da Religião foram, uma vez mais, organizadas pelo Centro de Estudos Humanísticos da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais e do Centro de Investigação em Teologia e Estudos da Religião da Universidade Católica de Braga.

Para além do debate em si, para gerar pensamentos e conhecimentos, as Jornadas foram acreditadas como Formação de Curta Duração para professores do Ensino Secundário. O primeiro orador foi o padre Andreas Lind, que falou do "Conceito de Vida em Nietzsche e Michel Henry: autonomia X passividade", abordando as oposições e as concordâncias entre os dois filósofos. Por seu turno, Carlos Morujão, professor catedrático da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica, abordou a "Intensionalidade e transcendência: génese da ideia de Deus, segundo Emmanuel Lévinas.

À tarde, o padre João Paulo Brito e Costa falou na questão de Deus em Emmanuel Falque", filósofo que era um dos convidados de honra das III Jornadas, se a pandemia tivesse permitido. O último conferencista foi o professor João Manuel Duque, presidente do Centro Regional de Braga da Universidade Católica, que abordou o tema "O ídolo, o ícone e o dom dedom Jean Luc Marion, entre filosofia e teologia. O padre João Carlos Onofre Pinto, um dos organizadores e palestrante nas duas edições anteriores, sintetizou para o Diário do Minho, não só a razão do evento, como o porque da necessidade de continuar a debater Deus, que vai além de uma questão religiosa. «Estas jornadas têm como tema "A Viragem teológica da fenomenologia francesa", que tem a ver com um tema muito curioso, que é a reflexão sobre Deus, que continua na filosofia contemporânea», começou por referir , concretizando: «esta é uma grande reflexão. Nós, habitualmente pensamos em Deus em termos religiosos, mas de facto, o tema Deus não é meramente religioso. Significa a necessidade que nós temos de pensar a realidade que nos circunda, a realidade que nós somos. A realidade dá que pensar e oradores deixaram reflexões e deram continuidade ao debate sobre Deus, o bem e o mal e este dar que pensar põe questões fundamentais, como a questão do sentido, se vale a pena, porque é que existimos, o que vai ser de nós, o que devemos fazer. E é um debate que vai muito além de uma questão religiosa.

As Jornadas da Filosofia da Religião mostram necessidade do homem em pensar Deus sa. O que estamos aqui a tratar não é uma questão puramente religiosa. Porque a questão de Deus é uma questão do sentido último da vida, das coisas e da realidade. O que estamos a fazer aqui não é mais do que dar continuidade a esta necessidade de pensar as coisas a fundo. É uma necessidade humana, é uma dimensão do próprio homem que tem necessidade de pensar as coisas até ao fim. A metafísica não é apenas pensar as coisas abstratas, mas é perceber porque é que as coisas acontecem realmente dessa forma». O pensador, moderador das Jornadas, citou o escritor Fernando Pessoa que dizia, que «é por dentro é que as coisas são». «Estamos constantemente a ser desafiados a pensar as coisas. A questão de Deus significa que continuamos a ter que pensar. A vida obriga-nos a ter que pensar. E isto é muito importante. Não podemos deixar de pensar de nos questionar», reforçou. Os oradores lembraram a necessidade que o homem sempre teve em questionar a existência. Em análise estiveram os confrontos, as concordâncias e discordâncias dos grandes filósofos da história, antes e depois de Sócrates, tendo Nietzsche como personagem central, porque causa da morte" de Deus ", isto é, Deus deixou de ter uma importância prática na vida das pessoas. Contudo, os debates seguintes entre pensadores mostraram que a ideia de Deus continua a ser essencial na vida das pessoas e na sociedade. As Jornadas decorreram no Auditório Isidro Alves, na Universidade Católica de Braga.